quarta, 01 de março de 2017
A violência crescente,
sobretudo entre os jovens, conflitos familiares, corrupção em larga escala e
relativismo ético são alguns dos sintomas de uma sociedade doente. Esta
decadência moral faz com que nos perguntemos pelos caminhos que precisamos
trilhar para educar para a verdade e a retidão de vida. Nós cremos na família,
mesmo com todas as dificuldades que enfrenta, como uma oportunidade
insubstituível na importante e complexa função educativa. A família não pode nunca
renunciar ou terceirizar para a sociedade, para o Estado ou para a escola
aquilo que lhe é próprio e que é um direito dos filhos. Sem dúvidas, a família
é a primeira escola dos valores humanos que são ensinados pelo testemunho das
relações que se estabelecem ao interno do lar e pelo incessante diálogo.
Olhando para nós mesmos,
podemos constatar quantos valores carregamos para o resto de nossa vida e que
aprendemos no seio familiar. “A família é o âmbito da socialização primária,
porque é o primeiro lugar onde se aprende a relacionar-se com o outro, a
escutar, partilhar, suportar, respeitar, ajudar, conviver. [...] É lá que se
rompe o primeiro círculo do egoísmo mortífero, fazendo-nos reconhecer que
vivemos junto de outros, com outros, que são dignos de nossa atenção, da nossa
gentileza, do nosso afeto.” (Papa Francisco, A alegria do amor, n. 276). Convivendo, aprende-se a se colocar no
lugar do outro, a respeitar, a ser solidário, a ser gentil e agradecido.
Educativa, também, é a experiência do sofrimento e das perdas que acontecem no
seio familiar. Forja-se uma personalidade forte, capaz de perseguir objetivos e
enfrentar desafios sem renunciar aos valores. Educa-se na família para o
correto uso dos bens, repensando hábitos de consumo, formando para a misericórdia
com os pobres e o cuidado com o meio ambiente. Aprende-se o valor do pão
cotidiano, fruto do suor e de uma vida de muito trabalho. Nos pequenos gestos,
adquire-se o senso da justiça e da honestidade. O testemunho dos pais ajuda a
optar por uma profissão e vivê-la eticamente, como colaboradores do bem comum.
Esta formação ética pede que se faça um percurso. Exige presença e testemunho
dos pais, que gera nos filhos confiança e respeito. Deste modo, os pais têm
autoridade para conduzir, com os filhos, processos de amadurecimento da sua
liberdade, de suas convicções, a partir de valores que são compartilhados.
Promove neles uma liberdade responsável, pois tendo acompanhado o processo de
maturidade, os pais sabem as convicções, os objetivos, os desejos e o projeto
de vida dos filhos. Assim, não se trata de uma presença obsessiva ou punitiva,
mas de uma sadia e constante vigilância.
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